Era preciso regar as novas flores
Ela guardou tanto as flores de um jardim antigo, que esqueceu de perceber as cores novas que haviam de surgir no seu caminho.
E se fez casulo, e se guardou, e ao invés de ganhar asas, enredou-se no tempo e no vão das causas perdidas.
E não viu que enquanto esperava a ressurreição de flores tombadas pelo desgaste dos tempos, um sol rodopiava lá fora, e clamava, e pedia que regasse o botão a florescer em novos tons entre agostos que evitavam ser meras cinzas e verões tingidos de azuis marinhos-celestiais.
Ela viveu de podar os jardins à sua volta e a tecer e remendar as bordas de um mundo que já se fazia impalpável à sua realidade.
Ela cultivava sonhos moribundos, e pensava fazê-los viver, qual mãe tentando ressuscitar a cria morta.
E lá fora, um mundo inebriado em esperanças vãs ainda girava carregando girassóis. Até o derradeiro canto dos cisnes... e o murchar das últimas teimosas pétalas.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
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