Era preciso regar as novas flores
Ela guardou tanto as flores de um jardim antigo, que esqueceu de perceber as cores novas que haviam de surgir no seu caminho.
E se fez casulo, e se guardou, e ao invés de ganhar asas, enredou-se no tempo e no vão das causas perdidas.
E não viu que enquanto esperava a ressurreição de flores tombadas pelo desgaste dos tempos, um sol rodopiava lá fora, e clamava, e pedia que regasse o botão a florescer em novos tons entre agostos que evitavam ser meras cinzas e verões tingidos de azuis marinhos-celestiais.
Ela viveu de podar os jardins à sua volta e a tecer e remendar as bordas de um mundo que já se fazia impalpável à sua realidade.
Ela cultivava sonhos moribundos, e pensava fazê-los viver, qual mãe tentando ressuscitar a cria morta.
E lá fora, um mundo inebriado em esperanças vãs ainda girava carregando girassóis. Até o derradeiro canto dos cisnes... e o murchar das últimas teimosas pétalas.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
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2 comentários:
Belíssimo texto... encantado mesmo!
E quando caiu a última pétala, ela virou semente. Não foi?
E brotou primaveras nos nossos moribundos corações.
Bravo!
Sinto vontade de não mais escrever, apenas ler.
Mas um dia chego lá,
Como cheguei ás trompas de minha mãe, encontrando outra parte perdida entre tantas.
Hei de me construir.
Mil vezes Bravo, por todos os textos.
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