segunda-feira, 10 de agosto de 2009
A Luz Relativa
E se resolvessemos num último instante ficar onde chegamos, e não mais voltar, deixando a sós os passos do caminho que nos trouxe? E quem nos trouxe? Os passos ou o caminho?
E se for cada ano que nos passa, um milésimo de segundo de uma vida que nos transcende além de nós? Fosse a Terra o grão soprado a esmo — entre tantos outros grãos de tantos outros tempos — que por 4 segundos paira no ar antes de chegar ao solo?
Ou seja a Via-Láctea a poeira num vácuo espiral tão inconstante deixado em suspensão por um segundo, nos passos tortuosos do gigante?
Fosse toda a existência tramas de um sonho de alguém que esqueceu de acordar?
Se quando do mais importante "não" dito em toda a vida, se tivesse feito ecoar um "sim"? Estaria eu sentado, estarias tu me lendo? Quantos dos caminhos não escolhidos teriam passado a existir? Quais novas esquinas nos seriam comuns?
E se cada um de nós, eu, você, o Papa, o homem que ganhou o maior prêmio na história da loteria, aquele que daqui a 30 segundos morrerá no leito de uma UTI, aquela criança que chorará sua fome na esteira de um casebre somaliano, se cada um de nós fosse o vírus letal a percorrer o sangue daquilo que de tão grande não enxergamos, quanto valeria a existência, quanto valeria cada carta no jogo dos destinos não concebidos?
E se o sorriso doce que antecede a morte e se o choro que benvinda a vida após o parto fossem o ponto único de cruz na linha que costura uma mesma alma em corpos separados?
Onde estariam os deuses? Eles estariam certos ou estariam errados?
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Um comentário:
"E se... e se...?". Nesse emaranhado de dúvidas a única certeza que tenho é que chegou, entrou e ficou. Ao menos até a solução do "se", ou até que outro (se) chegue com a mesma insistência!
Deixemos pairar! Como as dúvidas todas levantadas!
Beijo, Sau!
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