O que a vida não vê
Eram tantos santos nas esquinas
que a gente se acostuma e finge ser normal
ver a vida contra o tempo, ver o rosto no espelho,
novas marcas, outras rugas, outras roupas no varal
Eram tantos sonhos contra o vento
que no meio das verdades a ilusão é natural
Ter no peito o cais distante para que a qualquer instante
o horizonte nos recorde que viver ainda é real
Era tão difícil ver sentido
num teatro conduzido por um Deus sem ideal
que no limiar das esperanças construímos nas lembranças
novas pontes, outros vícios, para desfazer o mal
Era outra história mal contada,
uma farsa recriada de um outro carnaval
Para ver nas mãos uma promessa de criar na luz do acaso
toda a mágica rasgada pela força racional
Eram tantos anjos nas vitrines
que a fé virava luxo na descrença da nação
Tantos mercadores da poesia a trocar a fantasia
pelo último suspiro, pela vida e pelo pão
E eram tantos outros meros fatos
que nem cabem nos retratos estampados no jornal
E os ensaios do destino e os pedaços do passado
pouco a pouco se desdobram muito antes do final
domingo, 27 de julho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2008
(10)
-
▼
julho
(9)
- Dos tempos das coisasSaudade é evitar o último abr...
- Uma canção em tempo presente Quem fará a canção do...
- PalavrasPalavras são estrelasque mortas, ainda bri...
- Do Tempo dos Sonhos (ou Carta para ser guardada n...
- ...
- Dois em umPara quem em silêncio entendeDividir o n...
- Uma gota da infância que o tempo esqueceu de apaga...
- O que a vida não vêEram tantos santos nas esquinas...
- Ateu     Achei um louva-a-deus no ja...
-
▼
julho
(9)
Nenhum comentário:
Postar um comentário